segunda-feira, 30 de maio de 2011

ENTREVISTA Lilian Casas Bastos Felix.

 

lilian

 

AI – Perguntamos sempre às mulheres artistas: Como enfrentar as dificuldades que a mulher tem na sociedade brasileira e ainda ser artista?

LB - Particularmente não sofro muito sobre esse aspecto, até porque trabalho em dupla com meu esposo Alex Félix, então sempre estamos juntos respeitando nossas individualidades e apoiando um ao outro. Mas, sempre digo que'' somos milhares em uma só''. No meu caso, por exemplo: Mãe, esposa, dona de casa, cantora... Procuro ser uma mãe presente na vida das minhas filhas (Carolina e Luíza), visitar a escola, ver como estão no rendimento escolar, fazer as atividades com elas, participar dos eventos escolares... Não abro mão disso. Arrumar casa, enfeitar, cuidar para que seja nosso cantinho de descanso porque nossa maratona não é fácil. No papel de esposa, tento ser amiga companheira e sempre apaixonada pelo meu companheiro de todas as horas. No papel de cantora, procuro levar ao meu público minha realização na música, percebo que esta harmoniza às pessoas, as tiram de tristezas, confortam sua alma. Sempre dou o melhor de mim. Não canto por cantar e isso é fundamental. Porém no contexto geral, sinto que nós artisticamente, derrubamos esses tabus de que a mulher tem que ficar em casa cozinhando. O tempo da ''gata borralheira'' acabou''. Somos independentes, autênticas e estamos cada vez mais conquistando nosso espaço sem dever nada a ninguém e isso é fato!!

02 – Como está a arte em Itabuna na sua ótica?

ALEX & LÍLIANLB - Sinceramente, ''Prefiro não comentar''. Risos.

Temos uma cidade tão rica de talentos em todo o contexto artístico, no entanto sinto que ainda estamos desamparados. Nesses tempos como cantora, vejo muito a nossa desvalorização com relação à estrutura oferecida em muitos barzinhos e principalmente remunerações. Hoje em Itabuna você canta 5 horas numa noite e ganha o mesmo valor que se ganha em três horas tocadas. Aí vem a questão da falta de união (Sem generalizar) de alguns colegas, porque se você questiona no bar esse abuso outro colega faz e ainda fala sobre você. Acaba o dono de bar colocando você pra escanteio e você acaba perdendo o ''espaço''. Enfim, a arte é um trabalho tão maravilhoso, damos o nosso melhor, derramamos nosso suor como em qualquer outro setor, temos uma família pra manter, também pagamos impostos, compramos comida, pagamos água, luz, aluguel, fora a manutenção de nossos instrumentos de trabalho. Procure saber quanto custa um bom microfone, um fone pra retorno de voz. Ai, ai! O transporte pra ir e voltar pra casa. Tudo é custo. Tudo aumenta menos nosso cachê.

São poucas casas que nos respeitam dignamente. Tem casas em que o músico não pode levar a consumação que lhe é de direito pra casa, nem muito menos levar os filhos e o companheiro para comer. Atitudes como essa me entristecem, pois vão num bar onde tem som e outro que não tenha, todos gostam de ouvir uma boa música, mandar seus pedidos musicais. Buscam um lugar de descontração e isso nós proporcionamos com muito prazer. É preciso uma conscientização de ambas as partes, um precisa do outro. Não estou aqui para criar atritos, estou dizendo a verdade que dói quando amigos que vão nos prestigiar e perguntam se o ''Couvert'' cobrado vai pra gente. Sinto vergonha de responder, pois são pouquíssimos os que agem de forma correta conosco. No dia em que dá um ''movimento fraco'' vem com aquela conversa pra diminuir o que vamos receber, mas nos dias que o bar ''bomba'', ninguém vem me dar uma ''oncinha'' a mais. Risos. Sei que por lutarmos por nossos direitos, estamos sujeitos a sermos julgados, discriminados... No entanto ainda acredito no ser humano, no bom senso e que de alguma forma não é em vão, que um dia tudo será esclarecido, que seremos valorizados. E assim vou levando a minha vida, cantando, levando a boa música por onde vamos, acreditando que um dia'' tudo, tudo vai dar pé...''!

03 – Quais os artistas da região que você se inspirou?

LB - Vixe! Tem muitos artistas que admiro pelo seu trabalho, sua conduta, mas tem um em especial, nossa, eu sou suspeita pra falar porque esse cara foi quem nos deu o grande apoio no início da dupla: Alex e Lílian. Ele é um grande querido e um músico fenomenal. Jaffet Ornellas. Pense numa pessoa que amo. Sempre nos deu conselhos enriquecedores, me ensinou a ter um pouco mais de paciência com algumas questões tipo essas que falei na pergunta anterior. Valorizo-o como ser humano e artista no seu jeito humilde de ser, na essência da sua verdade.

04 – Você é de uma família de artistas ou só você se enveredou por este caminho?


GEDSC DIGITAL CAMERALB - Tem minha irmã Miriam Casas. Cantou no Vera Cruz por muito tempo, viajou por esse país afora por várias regiões, gravou CD com o grupo, participou de eventos na TV. Super carismática e de um talento que sou suspeitíssima à falar. Hoje mora na Alemanha, casada e não trabalha mais na área.

 

 

 

05 – Há interesse de formar uma banda?

LB - De repente temos vontade sim. Até porque muita gente por onde nós tocamos nos sugerem isso por termos um diferencial em nosso trabalho. Uma dupla onde os dois cantam uma voz feminina e outra masculina, o que também facilita nosso trabalho em vários aspectos. Quem sabe?

06 – Qual o seu estilo preferido para cantar?

GEDSC DIGITAL CAMERALB - Fui criada ouvindo Clara Nunes, Elizete Cardozo, Nelson Gonçalves, Altemar Dutra, Sílvio Caldas. Vários... E amo cantar cada um deles. Na atualidade gosto muito de Ana Carolina, Ivete, Seu Jorge.

Sou bem eclética. Tem dias que estou completamente romântica, outros em que estou pura adrenalina. Rs,rs,rs...

Nosso repertório é vasto e fazemos um pouco de cada, não tenho assim uma preferência específica. Vai do momento, do lugar e que tipo de público estou cantando, tem que fluir. A música tendo um bom conteúdo, melodia é o que importa.

07 – Conte-nos sobre seus projetos artísticos.

alex&lílian (8)LB - No momento ainda estamos trabalhando um CD no Studio do nosso amigo músico, Cristiano Reis (Stand By Records), um projeto mais de divulgação do nosso trabalho, temos um querido amigo compositor de salvador, Jorge Papapá, um de seus trabalhos ''Deixo''(Com Ivete Sângalo), nos presenteou com uma música que também estará no CD e já nos convidou para um trabalho com composições dele lá em salvador. Tudo isso nos deixa muito feliz, pela valorização e reconhecimento de nosso trabalho e ainda assim, seguimos com nosso trabalho em barzinhos, eventos em geral, principalmente casamento, para o qual somos muito requisitados, graças a Deus.

08 – Algo que gostaria de responder e não perguntamos?

alex&lílian (15)LB - Na verdade queria falar apenas um pouco mais, sobre nós artistas, em especial os músicos. É preciso mais união por nossa categoria, levamos a boa música, transmitindo alegria a quem nos assiste, nos ouve, precisamos nos valorizar mais. Não somos ''boêmios'', somos pais, mães de família que lutam da mesma forma para dar aos nossos filhos dignidade e exemplo de vida. Queremos ser respeitados pelos profissionais que somos. Temos problemas como qualquer outro indivíduo, ''Engolimos muitos sapos'', para sobreviver da música. Vamos acreditar e lutar por dias melhores...

 

 

 

 

09 – Agradecimentos.

LB - Primero agradecer pelo espaço, pelo apoio que esse blog nos proporciona, seja ele em forma de desabafo, de divulgação de nosso trabalho, para conhecermos um pouco mais sobre o trabalho de outros colegas. Isso é muito bom e precisamos cada vez mais de movimentos assim. Dessa forma nossa bandeira sempre terá um suporte e nossa voz jamais se calará. Obrigado ao público que valoriza a boa música seja com aplausos, com um sorriso ou simplesmente um olhar. Aos donos de barzinhos que respeitam esses profissionais que levam sua arte ao seu estabelecimento e abrilhantam ainda mais as noites da nossa cidade.

 

alex&lílian (17)

Nos Bailes da Vida Milton Nascimento

Foi nos bailes da vida ou num bar
Em troca de pão
Que muita gente boa pôs o pé na profissão
De tocar um instrumento e de cantar
Não importando se quem pagou quis ouvir
Foi assim
Cantar era buscar o caminho
Que vai dar no sol
Tenho comigo as lembranças do que eu era
Para cantar nada era longe, tudo tão bom
Pé a estrada de terra na boléia de um caminhão
Era assim
Com a roupa encharcada e a alma
Repleta de chão
Todo artista tem de ir aonde o povo está
Se foi assim, assim será
Cantando me desfaço e não me canso
De viver, nem de cantar

AOS MEUS COLEGAS MÚSICOS E ARTISTAS EM GERAL, TODO O MEU RESPEITO E ADMIRAÇÃO.

VAMOS EM FRENTE!

LÍLIAN CASAS BASTOS FÉLIX (CANTORA)

sexta-feira, 27 de maio de 2011

ENTREVISTA - MALENA DOREA

MALENA DOREA.

LICENCIADA EM LETRAS/ INGLÊS PELA UESC E ATRIZ A 25 ANOS

Exercendo no colégio Estadual Félix Mendonça vários trabalhos artísticos, onde envolve teatro e dança através do Mais Educação, projeto do governo federal. Envolver os alunos através da arte e educação, fazendo uma ligação entre o ambiente escolar e o lúdico que é inerente ao teatro brasileiro. Alcançamos o objetivo desse projeto que consiste em diminuir as desigualdades educacionais por meio da jornada escolar.

Trabalhos esses:Malena Dória (10)

O auto de natal

Início do ano letivo

Apresentação do circo

Carnaval cultural

Paixão de cristo

Quadrilha

Projeto de teatro popular e interculturalidade

Higiene Radical-Peça do Grama com direção de Valmir do Carmo

Espetáculo ‘sou eu’- Suécia-Universidade Wick

Intercâmbio – Suécia

CONTATO: (73) 8815-5942

E- MAIL: doriaml@hotmail.com

 

 

Malena Dória (1)Malena Dória (2)Malena Dória (3)

 

AI – Qual é a realidade do teatro grapiúna?

malena (1)MD - Lendo a entrevista de um grande artista Itabunense, Zenom, ele faz uma colocação feliz quando diz que Itabuna é um dos celeiros brasileiros, onde agrega uma diversidade de valores nas artes; musical, cênica, plástica e literária. E ele tem razão. De forma geral o artista grapiuna faz arte por amor. Falando especificamente da Arte Cênica, sabemos que as dificuldades são inúmeras pela falta de apoio. Temos alguns nomes na nossa região que fazem a diferença, apesar do não apoio, estão sempre na ativa fincando sua história através do teatro.

AI – A linguagem usada no teatro é entendida pela população da região?

malena (2)MD - A linguagem teatral é ampla, e oferece várias possibilidades, cabe aos artistas terem o cuidado do que e de que forma vai utilizá-la para levar ao público.

AI – está se produzindo o teatro em número considerável aqui na região?

MD - Temos visto muitas coisas, Mas eu acredito em parcerias a nível de união, respeito e humildade para com voce e consequentemente com o outro, voce respeitar e acreditar no trabalho do outro não é fazer elogios, mas sim críticá-los de forma construtiva, baseadas em conhecimento de causa, com humildade e sabedoria, uma postura que tem que ser encarada pelos dois lados, de quem recebe a critica e de quem as faz.

AI – E os artistas? Estão envelhecidos? Tem gente nova se interessando pelo teatro?

malena (3)MD - Nós não envelhecemos, adiquirimos experiências e as trocamos com os mais novos. Tenho tido a oportunidade de trabalhar com projetos, e o meu público alvo são pessoas jovens, entre 14 e 19 anos, e tem sido uma experiência ímpar, passo para eles minhas experiências como atriz, o que eu aprendi e continuo aprendendo, porque o aprendizado e as experiências são continuas. Ao mesmo tempo em que aprendo muito com eles e fico feliz porque tem muita gente boa surgindo.

AI – Quem quer fazer teatro na região tem cursos para frequentar? E cursos superiores?

malena (4)MD - Por enquanto não temos graduação em Artes Cênicas em nossa região, mas aquele que estiver interessado aconselharia a fazer oficinas de teatro e ler bastante os grandes nomes da dramaturgia.

AI – Como você se encantou e começou a atuar?

MD - Geralmente começamos a fazer teatro desde crianças, porque são nas brincadeiras que achamos o lúdico e o imaginário. Tenho em mente meus sete anos, dando os primeiros passos teatrais, encantada com a encenação que fazia.

AI – De todas as peças que você já fez, qual a que mais te encantou e qual a que você adoraria encenar?

malena (5)MD - Eu sempre me apaixono pelos trabalhos que faço, as personagens que vivencio me ensinam muito. O personagem que adoraria fazer é Medeia de um dos contos de Eurípedes.

AI – Algo que gostaria de ter respondido foi perguntada?

MD - O que não foi perguntado fica para uma outra oportunidade

AI – Nos conte de seus projetos, atuais e futuros.

Malena Dória (8)MD - Atualmente estou trabalhando com dois projetos, um deles é o projeto Teatro Popular e Interculturalidade, que é uma parceria entre a UESC e a WIKI uma universidade da Suécia, através do qual tivemos a oportunidade de fazer um intercâmbio, levamos um espetáculo “Sou Eu” que foi apresentado em três universidades da Suécia, para mostrarmos um pouco da nossa cultura. Como também tivemos a oportunidade de ter aulas de teatro junto com os alunos da própria universidade, foi uma experiência ímpar. O outro projeto é o “Mais Educação”, que trabalha com alunos que estão em dificuldades tanto de aprendizado como de comportamento, com exceção dos alunos ancoras, que não estão inseridos nesse contexto, mas fazem parte do projeto. E a partir deste criamos um grupo de Teatro na escola, “Expressão Cultura”, através do qual tivemos a oportunidade de fazer vários trabalhos.

AI – agradecimentos.

MD - Parabenizo a direção do blog pelo incentivo e pelo espaço para divulgação de trabalhos valorizando a arte de forma geral e os artistas locais, sem fins lucrativos.

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terça-feira, 24 de maio de 2011

ENTREVISTA: ARI PB do Cacau com Leite.

 

 

Ari PB (5)

 

A Banda Cacau com Leite, pode se orgulhar de ter crescido de forma exuberante. Dentro de uma filosofia onde prevalece a boa letra, a boa música e muito ritmo, a banda que foi criada em 1993, já ultrapassou as fronteiras baianas e conquistou o Brasil com apresentações em vários programas de televisão em rede nacional. Foi com seu quinto Cd, desta vez, ao vivo, e carinhosamente intitulado de É SÓ EMOÇÃO, que a Banda Cacau com Leite conquistou seu primeiro disco de ouro. (Programa Raul Gil / Rede Record / 19/02 /2000). Prêmio este, apenas concedido aos que se destacam no cenário nacional com uma marca superior a cem mil cópias vendidas.

O que os admiradores mais ressaltam na Banda Cacau com Leite são as composições de fácil assimilação, a beleza das canções, os arranjos e as evoluções no palco que sempre surpreendem, principalmente a juventude qual elegeu a banda como uma das suas preferidas. Fazer dançar com emoção, cantar a legítima música nordestina, viver o forró, são os ingredientes que fazem da Banda Cacau com Leite, uma das melhores do nordeste, e uma das mais importantes do Brasil em seu gênero.

A entrevista é com o líder da banda Ari PB, vocalista do Cacau com Leite. Na condição de vocalista, arranjador e compositor, Ari PB, paraibano de Itabaiana, terra também do genial Sivuca, hoje pode se considerar um legítimo grapiúna.

http://www.youtube.com/watch?v=H5_ipMwpfLk

http://www.cacaucomleite.com.br/

http://palcomp3.com/cacaucomleite/#

http://www.4shared.com/audio/8Yi_Wbnt/cacaucomleite_-_ama_eu.html

 

AI – Passado o carnaval, agora começa a temporada do forró ou nunca para?

APB - O forró nunca para, ele da um tempo no carnaval, mas volta com força total a partir de março e vai ate o final do ano, pra você ter uma ideia eu toco Réveillon todos os anos na Bahia.

Ari PB (1)

AI – Com tantas variações de ritmo, o xaxado, baião, arrasta-pé, etc. Ainda tem espaço para inovação?

APB - Estas três vertentes do forró, são exatamente as raízes nordestinas, relatam através do ritmo e da dança a nossa tradição...O xaxado no tempo de Lampião, o xote nas salas de reboco de seu Luiz Gonzaga e o arrasta pé das nossas festas Juninas, Santo Antônio, São João e São Pedro.

AI – Você faz parte da turma que busca pureza nos ritmos que compõem o forró ou você gosta das misturas?

APB - Eu prezo pelo forró autentico, muito embora hoje e dia em nome do povo todos nós temos que tocar de tudo um pouco.

Ari PB (2)

AI – Embora você não seja itabunense, convive há muito com os artistas grapiúnas. Como é o nível técnico destes artistas?

APB - Na verdade eu não sou Itabunense de nascimento, mas com certeza sou Itabunense de coração, pois vivo nas terras Grapiuna há mais de 25 anos... Quanto aos músicos, Existem os técnicos e os práticos, sou fã dos artistas desta terra maravilhosa.

AI – O que vamos ter de Cacau com Leite e Ari PB neste ano de novidades?

APB - Estamos fazendo parte de um grande projeto, aonde dentro deste mesmo projeto existe a intenção de se fazer um DVD comemorativo de 18 anos da banda Cacau com Leite...CD e DVD...

Ari PB (3)

AI - Divulgue a sua agenda do são João..

APB - A nossa agenda Parcial... 27/05 - SALVADOR
28/05 - MACAUBAS
29/05
03/06 - SALVADOR
04/06 - MIRANTE
05/06 - GUANAMBI
18/06 - SALVADOR
19/06 - PORTO SEGURO - ITAPÉ
21/06 - PINDAÍ
22/06 - JAGUAQUARA
23/06 - SALVADOR - CAMAÇARI
24/06 - MARACAS - ITAITE
25/06 - SAO FRANCISCO DO CONDE - SANTO AMARO
26/06 - URUÇUCA
27/06 - CAMAMU
01/07 - JEQUIÉ
02/07 – JACARACI

AI – Existe uma fórmula para alavancar o cenário artístico grapiúna ou estamos no caminho certo?

APB - Eu penso que a formula mágica é fazer sempre um trabalho sério, honesto e de qualidade... a com intenção é crescer sempre...fazer um trabalho voltado para o publico...pois sem nosso publico não somos nada.

AI – Agradecimentos.

Quero agradecer a toda a galera do Blog e dizer que pra mim é uma honra fazer parte dos artistas de Itabuna...

Um grande Beijo e fiquem com Deus

 

Ari PB (4)

sábado, 21 de maio de 2011

ENTREVISTA: WENDEL DAMASCENO

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WENDEL DAMASCENO

Menino criado no Jardim Primavera, que junto aos amigos, fazia das árvores da praçinha da Rua 2 de navio pirata,  tendo a ludicidade e a fantasia aguçadas por seus avós maternos, Seu João Damasceno e Dona Joselita, que lhe contavam muitas histórias.  Filho de Enivaldo e Emilia e irmão de Raphael começou sua carreira em 1994 em Itabuna, através de uma oficina teatral intitulada “Preparação do Ator” da Fundação Cultural do Estado da Bahia. Trabalhou com o diretor Pedro Mattos, através do Grupo de Teatro Vozes, nos espetáculos “Hoje não Faço Nada”, “Alvorada Grapiúna” e dentre outros, com diretor Échio Reis nas duas memoráveis apresentações da “Paixão de Cristo” no estádio Itabunão, com diretor Marquinhos Nô ajudou a criar o TEG - Teatro de Experiência Grapiúna, ao lado de Iêda Lima, Alex Francis, Vicente Barreiras e Mario Magalhães, o grupo realizou o irreverente espetáculo “O Culto” tendo na direção musical Jaffet Ornellas, e depois “As Lavadeiras”, espetáculo apresentado nas escolas da cidade, também fez parte do Grupo de Teatro da Direc 07, projeto de Arte-Educação coordenado pela grande educadora Rita Veloso, em espetáculos como Cinderela e Sonho de Uma Noite Verão, ambos dirigidos por Ângelo Oliveira. Morando em Salvador há uma década, fez parte de espetáculos como “Aerotrope” dirigido por Hebe Alves, “Dez Maneiras de Morrer” com direção de Elisa Mendes e Júlio César Ramalho, do musical “Anacleto – O Porquinho Politicamente Correto” direção de Paolo Ferreira, “A Professora” direção de Bruno Bozetti, e no destacado “Uma Farsa Áspera”, espetáculo de graduação do diretor Tonny Ferreira na UFBA, que foi recorde de oito indicações no Festival Nacional Ipitanga de Teatro - 2008 em Lauro de Freitas - BA. Ainda nesse mesmo ano foi um dos premiados da II Mostra Grapiúna de Monólogos em Itabuna.  Licenciado em Teatro pela UFBA, integrante da Cia. Beluna de Arte, grupo formado por colegas que estudaram com ele na faculdade, de alguns anos pra cá sempre vem participando de Oficinas e Workshops dentre eles com os diretores teatrais Harildo Deda, Fernando Guerreiro e Marcio Meirelles, e os diretores de telenovelas Edson Erdmann (Rede Globo) e Hamsa Wood (Rede Record), e com a cineasta Paula Gomes. Em 2010 atuou e foi produtor executivo I Festival Ilusório de Peças Curtas no ICBA – Instituto Cultural Brasil-Alemanha, evento esse realizado pela Ilusória Cia. de Teatro. Atualmente vem se destacando na publicidade baiana, e começando a investir em outra paixão, o cinema. 
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Suaves Reticências, direção Hayaldo Copque, Festival Ilusório de Peças Curtas, 2010.

AI – Você nasceu em Itabuna, mas a sua arte nasceu aqui também ou você a encontrou em outras paragens?
WD - Sim, nascido e criado. E a minha arte brotou aí, e acredito inicialmente enquanto espectador adorava assistir os espetáculos infantis que iam se apresentar na Escola Pio XII, onde estudei na minha infância e fiz algumas pequenas apresentações, frequentei muito o Cine-Teatro Amélia Amado, conhecido historicamente como TEI – Teatro Estudantil de Itabuna, e também o Cine-Itabuna, como consta aí na cidade ambos infelizmente não existem mais, possa se dizer que eram patrimônios culturais da cidade, que foram extintos por falta de uma política cultural séria no município. Mas de fato foi no meado da adolescência que começei dá as caras numa gicana, promovida pelo Grupele, que era um grupo de jovens da Paróquia Senhor do Bomfim no Jardim Primavera, bairro onde cresci, num dos dias do evento, tive que as pressas substituir um dos integrantes da minha equipe, que não apareceu pra peça que valia pontos, então uma amiga figuraça que mora já um bom tempo na Alemanha, a Elisângela,  me conveceu a fazer o personagem, entrei mudo e saí calado pois a peça tinha um narrador, foi muito engraçado, meus amigos olhando pra mim eu ali de sunga interpretando Adão. Já nas outras semanas do evento, continuei fazendo as peças da minha equipe, tendo ganho na gincana o certificado de ator revelação que guardo até hoje com muito carinho. Um ano depois, após mais uma gincana novamente, amigos me recomendaram um curso de teatro, então fui procurar um conhecido do meu pai, o grande militante cultural Walmir do Carmo, disse pra ele que já era ator e que queria fazer teatro. Imagine?  Ele me deu um bom puxão de orelha, e me recomendou que procura-se uma oficina de teatro pela Fundação Cultural do Estado que iria acontecer no Centro de Cultura. E lá fui eu tomar aulas com diretor Marcos Cristiano, o ator Carlos Betão e a coreográfa Marta Bezerra, o resultado originou a peça “A Brincadeira”, a partir daí não parei mais, de 1994 até 1998 trabalhei em muitos espetáculos em Itabuna, e em 1999 ingressei no curso de Licenciatura em Teatro na UFBA no qual sou graduado, e estou aqui em Salvador vivendo da minha arte enquanto ator, professor de teatro e produtor, e estou agora realizando minha primeira direção teatral a convite dos Artistocratas – Grupo de Teatro, grupo formado por alunos da Escola de Teatro da UFBA, que tem como lema, “A arte no poder e o povo na arte”.

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Paixão de Cristo, direção Échio Reis, 1995.
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O Culto, direção Marquinhos Nô, 1995 – 1996.

AI – O que falta para Itabuna firmar-se como um grande polo artístico na Bahia?
WD - Historicamente já somos, é só olhar para trás e vermos o quanto de registro nós temos, de gente que iniciou sua arte aí e continuam produzindo, mesmo com todas as dificuldades num país onde ainda a arte não é tratada como prioridade. A nossa história tem que ser catálogada para as futuras gerações, esse é o primeiro passo na consolidação cultural de uma localidade, é sermos referências, é criar uma rotatividade artística que sensibilize a sociedade, não só no intuito de gerar novos artistas, mais numa sociedade local que perceba que  as artes estão no mesmo patamar das demais necessidades de um povo. E nesse caso somos nós artistas que temos que abraçar essa responsabilidade, de criar parcerias com diversos seguimentos da sociedade. De valorizar o nosso regionalismo, tornando-o universal quebrando as barreiras geográficas, e isso é fato comprovado em lugares que tiveram esse protagonismo. E ainda por cima entrelaçar arte com edução, sendo trabalhada nas escolas e centros sociais. A consolidação de um polo artístico também perpassa por uma política cultural democrátrica séria no município, vigiada pelos artistas, pois somos nós que sabemos das reais dificuldades do nosso trabalho. Uma cidade do porte de Itabuna, já deveria ter exclusivamente uma Secretaria Municipal de Cultura, de uma verba destinada anualmente, com total transparência, exemplificando o quanto vai pra cada seguimento artístico e demais manifestações culturais, e de leis municipais que ajudem no desenvolvimento cultural da cidade.
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            Set de filmagem do longa-metragem, A Coleção Invisível.                 
Wendel Damasceno, Vladimir Brichta e o diretor Bernard Attal.
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Gravação do longa-metragem, A Coleção Invisível, direção Bernard Attal, 2011.
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Gravação do longa-metragem, A Coleção Invisível, direção Bernard Attal, 2011.


AI – Além de você, sabemos de vários outros artistas que saíram daqui para brilhar em palcos soteropolitanos e brasileiros. Qual o retorno que a cidade poderia ter com este sucesso individual?
WD - No meu caso tenho projetos tanto para cidade como pra região. A Cia. Beluna de Arte, grupo do qual faço parte, desenvolve oficinas artísticas no campo do teatro como: iniciação teatral, iluminação, maquiagem, figurino e etc, voltados principalmente as pessoas de baixa renda. Há dois anos já fazemos esse projeto em teatros e centros culturais daqui de Salvador, o nosso objetivo agora é levarmos o projeto pra o interior do Estado, e Itabuna está em nossos planos. 

AI – Olhando de longe: O quanto a cena artística itabunense precisa melhorar?
WD - Seja em Itabuna ou qualquer outro lugar, a melhora em princípio vem da excelência profissional. E isso quer dizer estudo, o artista seja qual for o seu campo de trabalho tem que está atento, novas coisas aparecem, se reciclar é benéfico. Trabalhar com arte é estudo constante, não pode ficar estacionado parado no tempo, bradando pelos ares que é artista. O verdadeiro artista tem que ter a humildade o bastante para dizer “quero aprender”, isso não é subserviência é nobreza. Ao qualificar seu trabalho o público o vê com outros olhos  valorizando-o. 

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Set de filmagem do curta-metragem, Instinto, 2011.                             
O diretor André Nogueira com os atores Alex Barreto e Wendel Damasceno.
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Gravação do curta-metragem, Instinto, direção André Nogueira, 2011.
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Gravação do curta-metragem, Instinto, direção André Nogueira, 2011.
AI – Quais as saídas para o artista ter mais campo de trabalho e ser mais atuante na sociedade?
WD - Além de ser o senhor do seu negócio, as saídas é está atento as leis e editais que se aplicam no âmbito municipal (caso exista), estadual e federal. É batalhar por novos espaços culturais e na conservação dos existentes. Veja o exemplo do Teatro Popular de Ilhéus, que transformou a Casa dos Artistas num ambiente de total produção artística em diversos seguimentos, tornando o espaço um Ponto de Cultura com financiamento público, além disso o grupo vem representando a nossa região aqui na Capital e no Brasil afora, através de editais em que foram aprovados. Outro exemplo foi quando recentemente estive na região no mês de janeiro, para participar do FECIBA – 1º Festival de Cinema Baiano, em Ilhéus, também aprovado num edital através do Fundo de Cultura do Estado, produção local realizada pelo Núcleo de Produções Artísticas e a Panorâmica Produções, evento esse que não ficou faltando em nada. Nestes dois casos é perceptível o trabalho em equipe, a união, é o que falta  muitas vezes na classe artística da região. Para eles serem aprovados, acredito que foi muito estudo e análise de como seus projetos poderiam se encaixar nas propostas dos editais, que ainda por cima são bastante burocráticos.  

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Uma Farsa Áspera, direção de Tonny Ferreira, elenco Paulo Paiva e Wendel Damasceno, Escola de Teatro da UFBA, 2008.

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Premiado na II Mostra Grapiúna de Monólogos, 2008.


AI – Qual pergunta gostaria de responder e eu não fiz?
WD - Fica para uma próxima entrevista rs rs rs.
AI – Agradecimentos.
WD - Parabéns ao blog por essa iniciativa, acredito que os demais artistas como eu estamos felizes por sermos lembrados, de fazermos parte da história artística de Itabuna e região. Aos amigos de palco daí com quem dividir momentos fantásticos e que tanto tenho admiração. A minha família maravilhosa, por ser tão presente na minha vida e por respeitar o meu ofício. Muito obrigado ao blog, abaixo estão mais registros dos meus trabalhos. Beijão e muita fé a todos.


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VT Publicitário – SETPS / Prefeitura de Salvador, 2011.

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Cinderela, direção Ângelo Oliveira, coordenação pedagógica Rita Veloso, 1997.
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Brasil 500 anos, a coreógrafa Cristina Castro, Wendel Damasceno e a diretora Elisa Mendes, 2000.

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Set de filmagem do longa-metragem, A Coleção Invisível, o assistente de direção Von Gabriel e o ator Wendel Damasceno, 2011.