domingo, 15 de janeiro de 2012

DE PERNAS PARA O AR*

 

Houve um tempo em que as divisões sociais do trabalho entre o homem e a mulher eram de acordo com o contexto vivido nas diversas sociedades através dos tempos. Atualmente, o que se vê nessas relações diante das transformações ocorridas é o encaixe aos moldes e padrões vigentes evidenciando, inclusive, as inversões de papeis. Para isso fora despendido muito esforço e luta, o êxito desse processo, conferiram as mulheres mais independência econômica, elas se tornaram mais competitivas, são mais politizadas, e assim como todos aqueles que fazem parte da população economicamente ativa sofrem com a ditadura do tempo.

Enquanto isso o vislumbre ao acesso ao mercado de trabalho, torna-se mais irresistível, não apenas por ser uma ferramenta de afirmação social, mas por nos dignificar como ser humano.

Fala-se da atuação das mulheres workaholics no mercado de trabalho e de que maneira as workaholics administram seu tempo entre o trabalho, a família e ela própria; matérias comuns em diversas revistas que abordam o universo feminino. Sugiro que o leitor masculino dê atenção a essas revistas - que aparentemente aos seus olhos são fúteis e desinteressantes – que os nossos leitores tenham a curiosidade de nos conhecer melhor, saber o que pensamos e quais são as nossas expectativas e necessidades. #ficaadica#

Ao assistir o filme De pernas para o ar e dar ótimas gargalhadas com a irreverência da atuação da atriz Ingrid Guimarães e demais atores do elenco e de como é mostrado para o telespectador, alguns dos problemas que afligem as mulheres, eis algumas observações:

Uma mulher workaholic viciada em trabalho é uma malabarista.

As exigências da desordem capitalista e a necessidade de mostrar seu valor social e intelectual nos fizeram e fazem pagar um alto preço: Stress, desequilíbrio emocional, anorgasmia, doenças físicas, tilte mental e etc. A desestrutura familiar começa quando todas as exigências trabalhistas e opressoras nos tornam alienadas com relação aos nossos filhos, tornando as nossas crianças em pobres filhos da (im)paciência. E o que serão desses nossos filhos da (im)paciência, cada vez mais inteligentes, informáticos e argutos se não tiverem a nossa devida atenção?
Pais ausentes são iguais a filhos pacientes
e, consequentemente, poderá se traduzir em problemas futuros: Não adianta lhes oferecer a melhor educação institucional, dar-lhes de presentes os melhores brinquedos, quando o que a criança necessita é do preenchimento de outras necessidades. Há um agravante nisso tudo, os pais tendem a ceder aos caprichos infantis, concedendo-lhes o acesso aos brinquedos que sem sempre são construtivos ou estimuladores para o fomento do raciocínio lógico dessas crianças e o desenvolvimento de suas habilidades. Entretanto, devido a nossa impaciência queremos é nos livrar da birra e do choro que nos deixam ainda mais descoordenadas.

Não é a toa que precisamos observar as nossas crianças, dialogar, darmos bons exemplos que serão de importância decisiva para a formação de suas personalidades, para a formação desses futuros agentes sociais, cônscios do ser cidadãos.

Questão para ser pensada.

Daí vem outra problemática. E quando a nossa vida sexual é relegada ao último dos nossos interesses?

Todos têm o direito a uma vida sexual saudável, mas quando a mulher nega isso para ela própria,é sinal de que algo está errado com ela mesma. Provavelmente, o esfacelamento do casamento é inevitável, chega-se aquele estágio que a relação fica congelada, cria-se um abismo entre o casal que nem sempre uma boa terapia resolve, sendo que esse acesso é quase que exclusivo aos casais contemplados economicamente.

Confirmo-lhes, meus leitores, que estes problemas não somente estão presentes nos lares ou alcovas da classe média, outras classes sociais são igualmente atingidas. No entanto a intensidade do como é sentido o problema, assim como a resolução deste problema dependerá da forma como ela se vê, suas ações e atitudes dependerão do seu amadurecimento, assim como, dependerão de suas condições de existências: É assim que cada mulher carrega e supera diariamente as suas “sofrenças.”

Em minha opinião, o conhecimento da condição feminina é um grande passo para ela protagonizar e gerenciar a sua vida pessoal, familiar e profissional de acordo com as suas possibilidades. Reitero que há muito que se fazer sendo que, as lutas empreendidas para atenuar as diferenças de gênero, mudar a situação indesejável em que se encontrava há anos atrás fora apenas os começos. No contexto atual, cada vez mais, entra em pauta outras necessidades, outras lutas, outros direitos a serem questionados para que a mulher possa se proteger das violências sofridas e atuar como qualquer outro agente social: Digna de direitos e responsabilidades civis e sociais.

O que eu observo é o seguinte, o imperativismo da velha desordem econômica nos compele a dançar conforme a música, e o sucesso do nosso malabarismo só ocorrerá se nos equilibrarmos classicamente na corda bamba das exigências sociais, profissionais e familiares. E o que estiver de pernas para o ar vai se encaixar em seu devido lugar.

* O título original do filme é De pernas pro ar, entretanto, por questão de estilo estético, eu inseri o vocábulo "para" só para torná-lo conveniente e morfologicamente mais interessante.

By: Bruxinha Sevilhana.

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