sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

ENTREVISTA: WALMIR DO CARMO

Quando houve a idéia de criar este blog (ainda em desenvolvimento), pensamos em abranger todas as artes e para isto bastaria que os artistas se dispusessem a participar do blog.
Um dos motivos que o blog não é assinado por nenhuma pessoa, é o sonho, quase ilusão, de que podemos nos organizar de tal forma que a população, os meios de comunicação e os patrocinadores respeitem a capacidade organizacional dos artistas.
ANTES DE CRITICARMOS A FALTA DE AJUDA À ARTE, PERCEBAMOS QUE NÃO NOS AJUDAMOS.
Como os patrocinadores poderão acreditar em um artista que não acredita em si e não se organiza?
Como podemos exigir organização dos mais carentes culturalmente se nós, hipoteticamente inteligentes (Com mais acesso à cultura), não nos organizamos?
O espaço aqui é aberto para participação, desde apresentação da sua arte, bem como: Críticas, sugestões, opiniões, etc.
“Discordar não é criar discórdia”.
“Não faça das paredes do teu cérebro os limites do mundo”.
Seguindo nosso intuito de mostrar a cara dos artistas da região grapiúna vamos entrevistar hoje um ser do bem e mais um guerreiro da dificil tarefa de fazer arte em uma sociedade carente de educação.
Deixemos que ele se apresente:
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Eu sou Walmir do Carmo, sempre gostei de militar com arte. No teatro eu tive o prazer
de ser aluno de Leonel Nunes, Kal Santos, Fernando Guerreiro, Márcio Meireles, Ramon Vane. Já dividi trabalhos com Ramon Vane, Zé Delmo, Geny Xavier, Jackson Costa, Eva Lima, Gal Macuco, Mark Wilson, Marcelo Augusto, Carlos Betão, Aldo Bastos, Sônia Amorim, Jaffet Ornelas, Jailton Alves e a minha grande musa Alba Cristina. Recentemente divido palco com o ator Lucas Oliveira com o trabalho Josefina-A Baiana Carioca, onde eu faço a Josefina e Lucas, o Bida. è um trabalho de humor e que tem sido muito contratado para empresas e eventos. O trabalho é adaptável para qualquer tema. Estou dirigindo Higiene Radical, um espetáculo sobre o lixo, texto de Ramon Vane e encenado pelos atores Aldenor Garcia, Marcelo Lobo, Malena Dória, Milena Dória e Walter Prado, onde eles fazem a Barata, o Rato, a Mosca, o Mosquito da dengue e Pulga. Eu amo este trabalho, pena que estamos parados por falta de apoiadores. No campo da literatura, tenho escrito alguns poemas e estou pensando em ter coragem para lançar um livro. Quanto às outras formas de movimento cultural, eu Fui o criador do Projeto Beleza Negra e da Queima de Judas. Ambos parados por circunstância que todos somos velhos conhecedores: patrocínios.
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AI – Considerando a sua vasta experiência no setor, como você analisa o estágio das artes cênicas na região?
- WC - Veja bem, quando se fala em Artes Cênicas, temos que levar em consideração o teatro, a ópera, a dança, o circo e a música. Como o próprio nome diz, Artes Cênicas também chamadas de artes performativas, são formas de arte que se desenvolvem num palco ou local de representações para um público.
Quando você pede para eu analisar o estágio das Artes Cênicas na região, eu fico meio perdido, pois a região é grande e cada lugar tem a sua realidade. Eu vou me ater à cidade de Itabuna, que é o torrão onde vivo.
As coisas por aqui acontecem, mas acontecem de uma forma meio que particular e individual. Assim tipo lei de murici: Cada um cuidando de si. Não existe uma política pública voltada para balançar o movimento cultural da cidade. Por mais esforços que façam, acaba sempre patrocinando um CD de alguém, um livro, um espetáculo. Acho que a política cultural tem que ter um fundo para a cultura, onde através de edital os artistas preparem seus projetos e assim sejam contemplados por mérito. Uma coisa muito grave por aqui é o público de Itabuna não ir ao teatro ver as produções locais. Quando um artista global aparece por aqui, mesmo que seja com trabalhos horríveis, a casa lota. É como se todo mundo que aparecesse na televisão em horários nobres com seus textos decorados e bem dirigidos, fosse realmente um bom ator. Quando se depara num teatro, de cara com um público, quebra a cara. Eu já fui ver alguns trabalhos de globais por aqui e deixei o teatro antes do espetáculo terminar.
É preciso que haja campanhas nos veículos de comunicação, dos órgãos que trabalham com cultura, estimulando as pessoas irem ao teatro ver as produções locais. É preciso fazer com que os santos de casa façam milagres.
AI – Sempre foi difícil desenvolver trabalhos artísticos na região, mas hoje o artista tem como buscar saídas para desenvolver a sua arte sem precisar do poder público?
WC – Acredito que sim. Algumas empresas de marcas nacionais investem muito em cultura, mas aqui na região ainda é muito difícil os empresários investirem em cultura. Quando alguém sai com um projeto para pedir patrocínio para uma peça de teatro, um espetáculo de dança ou outro qualquer, muitos não dão nada, muitas vezes nem atendem e os poucos que resolvem dar alguma coisa, dar R$ 10,00 (dez reais) e por aí vai.
Me lembro de uma vez quando eu estava começando o Projeto Queima de Judas me dirigi a um determinado estabelecimento comercial para pedir um patrocínio, mostrei o projeto e cidadão achou bonito. Foi lá gaveta pegou R$ 5,00 (cinco reais) colocou no bolso da minha camisa e disse: “aqui é para ajudar não precisa nem divulgar o meu nome”. Bem, não tinha que divulgar mesmo. Eu me senti recebendo uma esmola.
Outra vez eu peguei o Projeto Beleza Negra e fui a um grande estabelecimento comercial aqui da cidade para propor um autdoor do evento. A princípio, estava tudo certo para a quota de R$ 300,00 (trezentos reais). Quando descobriram que o evento era todo voltado para a cultura negra, pois era justamente na Semana da Consciência Negra, fiquei sabendo que o recurso não foi liberado porque não queriam atrelar a marca do empreendimento a um evento de negros. Mas assim, aos troncos e barrancos, os artistas de Itabuna são muito corajosos e fazem acontecer.
AI – Quais as saídas para a classe artística itabunense se tornar mais forte e poder ser uma voz atuante na vida social e politica da região?
WC – Acredito que é preciso criar um organismo onde congregue a classe artística. Não sei como seria isto. Já vi várias tentativas de criação de uma associação, mas nada foi pra frente. Existe um sindicato que fica em Salvador, já teve representação aqui, mas não vi nada de concreto também.
A classe precisa se organizar até mesmo para coibir abusos nas contratações. Quando um artista é contratado para fazer algum comercial querem pagar R$ 100,00 (cem reais) e tem gente que faz até por R$ 50,00 (cinqüenta reais). Um absurdo! Pois quando trazem alguém de fora, pagam passagem, hospedagem, alimentação, cachê digno. Acaba gastando muito mais do que contratar um artista local. É por isto que precisa haver uma organização da classe urgente.
AI – Vocês que embalam tantos sonhos do povo que acompanham suas artes, qual o sonho acalentado por estes artistas?
WC - Sonho de reconhecimento. Veja bem, quantos veículos de comunicação tem aqui? Quantas agências de publicidades tem aqui? Muitas, não é mesmo? Então, quantos artistas daqui você vê fazendo comerciais de TV, rádios, etc? Quantos artistas estão estampados em autdoor, jornais? Preferem que os donos das lojas, seus filhos, suas esposas façam o papel do artista que é uma coisa terminantemente proibida pelo sindicato da classe. Nada mais gratificante do que o artista ser reconhecido e valorizado
nas suas diversas forma de arte.
AI – Quais são os projetos que você desenvolve no momento e os que pensa em desenvolver?
WC - No momento eu estou encenando Josefina- A Baiana Carioca com o ator Lucas Oliveira que faz Bida e dirigindo a peça teatral Higiene Radical e tenho como projeto futuro lançar o livro que está em fase embrionária.
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AI – Alguma pergunta que não feita a ti que gostaria de responder?
WC – Não, estou satisfeito
AI - Agradecimentos:
WC – Agradeço ao BLOG por ter lembrado do meu nome para ser o entrevistado e parabenizo a todos pela bela iniciativa de criar uma ferramenta de comunicação voltada para a classe artística. Desejo sucesso a todos, obrigado!
 
 
AI – Agradecemos ao Walmir do Carmo e esperamos voce artista da região aqui no nosso blog, que em breve será um site, basta que voces nos ajudem apenas divulgando a si mesmos.
Axé a todos.
 
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10 comentários:

Pingo Grapiúna disse...

Uma grande aula essa entrevista de Walmir do Carmo, a quem tenho um imenso respeito e adimiração (se é que ele não sabe), falou com destreza o que todos nós precisamos ouvir com muita atenção, tem um percurso de uma luta invejável. Estou na europa que neste momento está passando por uma crise, e nós passamos 60 anos. Agora o Brasil com o Lula da Silva está a mudar a realidade da economia. Qual vai ser a desculpa dos empresários desta vez? Podemos sim exigir respeito, sim! Diante de tudo que os artistas grapiunas apresentaram até hoje é motivo de orgulho. Agora resta juntarmos tudo que temos de bom, e uma entre elas está aí, um competente artista chamado Walmir de Carmo.

Márlon Viana disse...

Olá!
Parabéns pela iniciativa de criar esse blloger, adorei, é sem dúvida uma forma bem interessante de mostrar os inúmeros talentos que existe em nossa sofrida ITABUNA, conto com todos para ajudar a divulgar ainda mais esse blloger.
Um forte abraço a prudução!
Sucesso meus queridos!




Att,
Márlon Viana
Artista Plástico

Mônica disse...

Muito bom Walmir!
O caminho é esse mesmo, vocês precisam se organizar! Parabéns por ter citado diversos artistas maravilhosos, isso confirma: o coletivo é mais forte que o individual.
O trabalho de vocês tem qualidade e eu valorizo sim a prata da casa!
Gsotei do blog...e espero que os "Artistas de Itabuna" continuem com essa abordagem regional.
Grande abraço e sucesso à todos!
Mônica Melo

Claudinha Biohuana disse...

LINDOOOO!!! Walmir é um artista completo, além disto militante ambientalista! Quem não teria orgulho de ter um amigo assim? Parabéns ao blog pela entrevista!

Manoel disse...

"Triste Bahia! Oh quão dessemelhante!" (GM)


Walmir a sua batalha constante em fazer eventos e de muitas vezes o realizar com a cara e a coragem o fazem um dos grandes alicerces da nossa cultura.
Temos que continuar batalhando para que a nossa cultura seja divulgada e vista pela nossa população.
Continue na sua batalha por que a guerra é infinda!

Cida Lisboa disse...

Parabéns Walmir pelo seu trabalho e dedicação, pelo valor que você dá aos seus companheiros de trabalho. Eu amo teatro, gostaria de ver uma peça toda semana. Infelizmente na maioria das vezes não posso ir por também estar trabalhando mas sempre que me procuram para gravar áudios para peças eu faço com a maior satisfação por ser uma forma de apoiar a esta arte tão maravilhosa! Sucesso Walmir e se precisar de gravação de chamada, abertura ou spot para divulgação pode contar com o meu estúdio e a minha voz, se você gostar da minha voz é claro rsrsr.Um abraço.

VILCE disse...

Walmir é un grande artista, parabens pela entrevista..un abraço.

lucas ator disse...

CAMBIO walmir é um grande highlander das artes grapiunas!!ele canta,escreve ,recita,atua,dança,interpreta... um xangó!!
que bom abrir um blog sobre artistas de itabuna e ver a presença dele .PARABENS VALMIR PARABENS O BLOG !! e viva a nossa RESISTENCIA!! cambio er muita merdaaaaa!! val sou seu fã viu!!

Anônimo disse...

MUITO BOA WALMIR SÓ UMA PESSOA COM VERDADEIRO AMOR À ARTE DEMONSTRA UMA ESPERIENCIA E UM RESPEITO MARAVILHOSO AOS SEUS COLEGAS DE ARTE,A ENTREVISTA FOI UM TAPA NA CARA PRA ACORDAR ESSE POVO.[A GENTE NÃO QUER SÓ COMIDA A GENTE QUER COMIDA DIVERSÃO E ARTE.]MÚSICA DO TITÃS.OBIGADO,UM ABRAÇO.SILVANO GONZAGA

Naynara disse...

parabéns, aguerrido Walmir! Conheço suas lutas e sua coragem.Sucesso!